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segunda-feira, 30 de maio de 2011

AH! OS RELÓGIOS


Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vida
sem seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
.
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção..
. .
E os Anjos entreolham-se espantados
.quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são....
Mario Quintana

sábado, 28 de maio de 2011

O PAPEL DO EDUCADOR NO LETRAMENTO COMO “PROFESSOR-LETRADOR”

Paulo Freire afirma que para o educador, o ato de aprender “é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito”. Esta constatação não está relacionada somente ao educando, pois sabemos que o educador tem que estar sempre adquirindo novos aprendizados, lançando-se a novos saberes, e isto, resulta em mudanças de vários aspectos, como também, gera o enriquecimento tanto para o educador quanto para o educando, que com certeza lucrará com esse desenvolvimento. Então, necessário é que o educador atente-se para aquilo que é sumariamente importante na sua formação, ou seja, “o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”, e, “quanto mais inquieta for uma pedagogia, mais crítica ela se tornará” (FREIRE, 1990). O mesmo afirma que a pedagogia se tornará crítica
se for investigativa e menos certa de certezas, pois o ato de educar não é uma doação de conhecimento do professor aos educandos, nem transmissão de idéias, mesmo que estas sejam consideradas muito boas. Ao contrário, é uma contribuição no “processo de humanização”.
Processo este de fundamental papel no exercício de educador que acredita na construção de
saberes e de conhecimentos para o desenvolvimento humano, e que para isso se torna um instrumento de cooperação para o crescimento dos seus educandos, levando-os a criar seus
próprios conceitos e conhecimento.
O profissional de educação deve ser capaz de fazer sua interferência na realidade, o que
certamente, gerará novos conhecimentos, e isto, é bem mais elevado do que simplesmente se enquadrar na mesma. Já mencionamos por várias vezes que o letramento é um fenômeno social; logo, essa intervenção que se faz necessária pode ser proporcionada por ele.
O letramento não está restrito ao sistema escolar, mas vamos neste trabalho nos ater nesse meio por considerar que cabe à escola, fundamentalmente, levar os seus educandos a um processo mais profundo nas práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. Saber ler e escrever um montante de palavras não é o bastante para capacitar o indivíduo para a leitura diversificada, neste ponto entendemos que surge a necessidade de se letrar os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem.
Para o educador se tornar um “professor-letrador” necessário se faz que, primeiramente, obtenha informações a respeito do tema, as suas dimensões e, sobretudo, a sua aplicação. Essa última é desenvolvida através de pesquisas e investigação, que geram subsídios-suportes.
Entretanto, medrar subsídios para educadores é uma tarefa difícil de ser exercida, pois sabemos
que alguns desses profissionais, num determinado momento, se colocam em uma posição quase inatingível, completos de suas certezas. Porém, se há mutações contínuas na sociedade contemporânea, e essas refletem em todos os setores, inclusive na escola, é lógico que a cristalização dos saberes do educador é um equívoco, pois o conhecimento nunca se completa, ou se finda, e o letramento é um exemplo claro disso.
Reconhecidamente, enfatizamos a importância da aplicação, ou a prática do letramento por parte do professor, e em análise, ainda não finalizada, destacamos alguns passos fundamentais para o desempenho do papel do “professor-letrador”: investigar as práticas sociais que fazem parte do cotidiano do aluno, adequando-as à sala de aula e aos conteúdos a serem trabalhados; planejar suas ações visando ensinar para que serve a linguagem escrita e como o aluno poderá utilizá-la; desenvolver no aluno, através da leitura, interpretação e produção de diferentes gêneros de textos, habilidades de leitura e escrita que funcionem dentro da sociedade; incentivar o aluno a praticar socialmente a leitura e a escrita, de forma criativa, descobridora, crítica, autônoma e ativa, já que a linguagem é interação e, como tal, requer a participação transformadora dos sujeitos sociais que a utilizam;
recognição, por parte do professor, implicando assim o reconhecimento daquilo que o
educando já possui de conhecimento empírico, e respeitar, acima de tudo,
esse conhecimento; não ser julgativo, mas desenvolver uma metodologia avaliativa com certa sensibilidade, atentando-se para a pluralidade de vozes, a variedade de discursos e linguagens diferentes; avaliar de forma individual, levando em consideração as peculiaridades de cada indivíduo; trabalhar a percepção de seu próprio valor e promover a auto-estima e a alegria de
conviver e cooperar; ativar mais do que o intelecto em um ambiente de aprendizagem, ser professor-aprendiz tanto quanto os seus educandos; e reconhecer a importância do letramento, e abandonar os métodos de aprendizado repetitivo, baseados na descontextualização.
Contudo, as insuficiências do sistema escolar na formação de indivíduos absolutamente letrados não sucedem somente pelo fato de o “professor não ser um representante pleno da cultura letrada, nem das falhas num currículo que não instrumentaliza o professor para o ensino”
(KLEIMAN, 1995: 47), pois essas falhas são mais enraizadas, porque são produtos do
modelo imposto pelo sistema padrão de ensino.
Quando nos dermos conta de que o processo natural de desenvolvimento do ser humano é massacrado pela escola, e por suas equivocadas práticas de ensino, seremos aptos a promover o letramento.
Na intenção de compreender os caminhos percorridos (ou perdidos) para a transformação da escolarização, e analisando especificamente o recorte investigado neste trabalho, somos levados
a considerar a hipótese de que o despreparo e desinformação dos profissionais e, ainda, os acadêmicos da área de educação promovem a distância entre a assimilação prática e conceitual do letramento।




sexta-feira, 27 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

7ª OFICINA TRABALHANDO COM A SEQUÊNCIA DIDÁTICA NA PRODUÇÃO DE TEXTOS

Na 7ª oficina pelo fato de ser livre, escolhemos como tema, o trabalho com sequência didáticas, que são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e avaliação. Podem e devem ser usadas em qualquer disciplina ou conteúdo, pois auxiliam o professor a organizar o trabalho na sala de aula de forma gradual, partindo de níveis de conhecimento que os alunos já dominam para chegar aos níveis que eles precisam dominar. Foi interessante que neste momento os professores perceberam que muitas vezes eles deixaram de oportunizar seus alunos a sistematizarem seus conhecimentos á respeito, da estrutura gênero, sua funcionalidade, o suporte nos quais são encontrados, passando logo para a produção do mesmo, e o que é pior, já considerando essa primeira produção como produto de avaliação. Essa reflexão foi muito importante no sentido de perceber que nossos alunos precisam construir uma representação da situação de comunicação e da atividade de linguagem a ser executada. E que a produção inicial representa o momento em que o professor realiza um diagnóstico ou uma primeira produção oral/escrita do gênero com a finalidade de se observar aquilo que os alunos dominam ou não em relação àquele gênero. Na sequência realizamos uma oficina onde em dupla, os professores planejaram uma sequência didática para se trabalhar contos. Nesse momento apresentei vários modelos de sequência dos mais diversos gêneros. Foi um encontro muito proveitoso.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Pela luz dos olhos teus

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 5 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mundo Pequeno


Mundo Pequeno

I
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.

II
Conheço de palma os dementes de rio.
Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzama
e de Rogaciano.
Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar
no horizonte.
Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas ruas
de Corumbá.
Me disse que as coisas que não existem são mais
bonitas.
Manoel de Barros